sábado, 25 de julho de 2009

A história de Cornélio Pires o pioneira da música sertaneja


Cornélio Pires nasceu na cidade de Tietê-SP no dia 13 de Julho de 1884. Escritor, folclorista, jornalista, ator, poeta e cantador, foi o primeiro a produzir e divulgar através de um teatro ambulante, o primeiro disco caipira.
A história da música caipira, que já existia em 1910, passa a ser contada em disco em maio de 1929, com a primeira gravação da “Turma Caipira Cornélio Pires”. Era um 78 rotações de rótulo vermelho, que levava o selo da gravadora Columbia. De um lado a música “Jorginho do Sertão” e, do outro, a “Moda de Pião”, ambas de autoria do próprio Cornélio.
A princípio, por volta de 1914, Cornélio dedicava-se a organizar espetáculos pelo interior de São Paulo, para divulgar a arte caipira e apresentar artistas sertanejos nas chamadas “Conferências Cornélio Pires”.
Com o passar do tempo, aquelas apresentações tomaram jeito de espetáculos, e foi a essa altura que ele tomou a iniciativa de gravar um disco. Em maio de 1929, Cornélio resolve transformar em discos músicas, versos, anedotas e outras manifestações caipiras, e para tanto procurou o Dr. Alberto Jakson Byington, proprietário da Columbia, em São Paulo, que não se interessou pelo assunto e propôs uma tiragem de mil discos, desde que o pagamento fosse feito antecipadamente, em dinheiro.
A idéia inicial era gravar um grupo de cantadores caipiras, mas o proprietário da gravadora Columbia, não acreditando na receptividade do público, cedeu um pequeno estúdio que não comportava todos os integrantes. Diante desta situação, Cornélio escolheu duas vozes para gravar em dueto, o que virou padrão para gravação da música caipira.
Cornélio conseguiu o dinheiro e bancou antecipadamente a prensagem de cinco mil discos de seis diferentes títulos, num total de trinta mil exemplares. O sucesso foi surpreendente e em menos de 20 dias a primeira edição já havia se esgotado.
Pode-se dizer, portanto, que ele foi um dos primeiros “independentes” da música brasileira. De cara, “Jorginho do Sertão” e “Moda de Pião” gravadas por Mandy (Manuel Rodrigues Lourenço) e Sorocabinha (Olegário José de Godoy), desmentiram as previsões das gravadoras: em apenas 20 dias, o disco “estourava” com cinco mil cópias vendidas, um exagero para a época.
Financiando seus próprios discos, lançou várias gravações como “Entre Alemão e Italiano”, “Anedotas Norte-americanas”, “Astúcias de Negro Velho”, “Rebatidas de Caipira”, “Numa Escola Sertaneja”, “Coisas de Caipira”, “Batizado de Sapinho”, “Desafio Caipira” e “Verdadeiro Samba Paulista”, foram grandes sucessos na época.
De sucesso em sucesso, criou em 1946, o “Teatro Ambulante Cornélio Pires”, composto de dois carros (um com biblioteca e outro com discoteca) para percorrer o interior paulista, onde apresentava-se em praça pública.
Lançou diversos livros, entre eles “Musa Caipira”, e em 1932, gravou o filme “Vamos Passear, Cornélio”. Em 1948, recebia o patrocínio da “Companhia Antártica Paulista”, que distribuía bonés com sua marca durante os shows de seu grande astro.
Antes de morrer de um câncer na laringe, no dia 17 de junho de 1958, na cidade de São Paulo, Cornélio Pires pode orgulhar-se por ter aberto caminho para os programas de música sertaneja nas rádios do país. Foi também a luz que indicou às gravadoras o novo e bem-sucedido caminho da música sertaneja.
Uma dessas gravadoras, a RCA Victor, não demorou a formar a “Turma Caipira Victor” para lançamentos exclusivos na área. E, no ano mesmo de sua morte, Cornélio Pires saboreou mais uma vitória: a apresentação de um espetáculo caipira no “Teatro Municipal de São Paulo”, templo sagrado da música clássica. Era, já naquela época, o triunfo da música caipira e de Cornélio Pires!
Do grupo reunido por Cornélio, surgiram as primeiras duplas caipiras “Caçula e Mariano”, “Zico e Ferrinho” e “Mandy e Sorocabinha”, sendo que estes últimos, entraram para a história ao ser a primeira dupla a gravar um disco com músicas caipiras. Com letras inteligentes e bem humoradas, a dupla foi convidada a participar de um filme e de outros discos gravados por Cornélio Pires.

Texto adaptado da revista “Viola Caipira”

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